quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Janelas altas

Os feudos em guerra, as pessoas ao chão, embaixo da terra. E o rei em seu palácio de janelas altas só enxergava o que não víamos.

Foram tempos difíceis, pouco se tinha para comer e vestir. Menos ainda para amar. Períodos brutos formam sujeitos brutos. Está escrito.

O rei, em seu palácio de janelas altas, só enxergava o que não víamos. Só enxergava o que queria. Nem todo mundo tem querer. É assim desde sempre.

Delirantes eram as doenças. Quase democráticas, levavam crianças, jovens, adultos e idosos. Eu sobrevivi. Ou sobrei. Às vezes dá no mesmo. Pude ver o novo. Não se garante que é bom, mas é novo.

O reinado acabou. As janelas altas baixaram, as portas subiram. O rei saiu. Foi tirado - tirano. Achávamos: “agora ele vai ver o que vemos”. Estávamos errados. Aprendemos que não podíamos sonhar muito, precisávamos estar de olhos abertos para realizar.

O rei saiu do palácio de janelas altas, entretanto, continuou sem ver o mundo. O rei nunca aprendeu a enxergar.

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